sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dois mundos numa só realidade (O esgoto e o rio)

Sobe;
Desce;
Molha, lava, escapa, vai.
Mistura, suja, escorre, cai.
E segue tomando forma, gotícula a gotícula,
Metal, areia, lixo, partícula.
À céu aberto, seguindo a lei do esquecido.
Seria, antes fosse limpo, ao menos percebido.

"Pare, proibido!"

Então segue, bate, volta, segue, caminha.
Caminha...
Caminha...
Ca...mi...nha...
Cai no boeiro.
Estanca.
Se junta ao amigo esquecido.
Segue sem rumo, sem identidade, corrompido.

Já o rio, límpido e brilhante, desliza.
Ofusca a luz solar, loa o luar.
E continua lisa.
Mas segue, bate, volta, segue, caminha,
Caminha,
Caminha,
Caminha,
Desce, desenrola, rega, desabrocha.
Adoece, fica roxa.
Mas luta, segue, aposta.

Se encontram, se estranham,
Nadam, nadam,
Mandam,
Obedecem, lutam, enfim.
Seguem...

Descem,
Tecem,
Mexem,
Ferem a si, a ti.

"Parem, urgente!"

Mas, enfim, desembocam no mar
e seguem...

Seguem a lei da física,
A nossa lei vigente,
A lei da realidade,
A lei da gravi-socie-dade.

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