Dois mundos numa só realidade (O esgoto e o rio)
Sobe;
Desce;
Molha, lava, escapa, vai.
Mistura, suja, escorre, cai.
E segue tomando forma, gotícula a gotícula,
Metal, areia, lixo, partícula.
À céu aberto, seguindo a lei do esquecido.
Seria, antes fosse limpo, ao menos percebido.
"Pare, proibido!"
Então segue, bate, volta, segue, caminha.
Caminha...
Caminha...
Ca...mi...nha...
Cai no boeiro.
Estanca.
Se junta ao amigo esquecido.
Segue sem rumo, sem identidade, corrompido.
Já o rio, límpido e brilhante, desliza.
Ofusca a luz solar, loa o luar.
E continua lisa.
Mas segue, bate, volta, segue, caminha,
Caminha,
Caminha,
Caminha,
Desce, desenrola, rega, desabrocha.
Adoece, fica roxa.
Mas luta, segue, aposta.
Se encontram, se estranham,
Nadam, nadam,
Mandam,
Obedecem, lutam, enfim.
Seguem...
Descem,
Tecem,
Mexem,
Ferem a si, a ti.
"Parem, urgente!"
Mas, enfim, desembocam no mar
e seguem...
Seguem a lei da física,
A nossa lei vigente,
A lei da realidade,
A lei da gravi-socie-dade.
Depois de muitos anos resolvi criar um blog de uma das coisas que mais gosto de fazer. Poesia. Pois bem, diferentemente do que pensam, poesia é paratodos, não é dom, ou coisa parecida. Isto é, sou estudante de Direito, e às vezes, poeta. Com aspirações de uma poesia da "era" de uma falsa contemporaneidade. Falsa por tê-la entre o seu percurso, um passado que o fez e um futuro que aspira esse passado. Por fim, poesia contemporânea: é aquilo que é e não é mais ao mesmo tempo, foi e será.
Vc já recitou essa p mim,e adorei quando escutei!
ResponderExcluirA sua poesia encanta e denuncia!